Coisas inesperáveis de um domingo qualquer


  Já estava esperando aquele bendito ônibus haviam alguns minutos, mas posso jurar que pareciam séculos. Em pleno ritmo de Copa do mundo não existe ao menos um transporte público na rua para locomover as pessoas? Tenha dó! Mas tudo bem, eu não tinha muitas opções e o jeito era mofar naquele ponto de ônibus. Depois de quase trinta minutos esperando, passou o ônibus e eu consegui seguir minha trajetória, tirando o fato de que existiam alguns universitários bêbados fazendo farra, não existiram problemas que um fone de ouvido e música dos anos 90 no máximo não resolvessem.
    Desci na penúltima parada daquele ônibus, com meus óculos de sol na cabeça, meu livro preferido na mão ( no qual eu já li umas duzentas vezes) e é claro, meu caderno de anotações. Sempre usei cadernos para anotar o comportamento das pessoas que estavam a minha volta, ou sobre coisas legais que passavam na minha cabeça. Não escrevia essas coisas pelo fato de eu ser meio louca, por mais que minha mãe sempre repetisse isso toda vez que eu começasse a contar alguns dos meus sonhos, mas eu realmente acho que um dia esses cadernos servirão para alguma coisa. Porém, tenho que admitir que já fazia tempo que eu não tinha nada para escrever. Comprei um sorvete na sorveteria de um italiano surdo e segui meu caminho.
    Gosto da minha vida, relativamente falando, mas acho que não era necessário meus pais me obrigarem a ir a um jogo idiota da Copa. Muita gente ama ir a esses lugares, mas eu realmente não vejo graça em caras de uniforme correndo desesperadamente atrás de uma bola. E ver a cena se repetir, e de novo, e de novo e de novo.
      Sentei na cadeira enquanto tentava não ouvir a conversa dos meus pais sobre alguma coisa meio besta, como de costume. O jogo finalmente começou, mas para a surpresa de todos os torcedores eu continuei sentada, talvez seria esse o motivo dos olhares tortos direcionados para mim. Havia muitas pessoas gritando, então decidi desligar minha música e tentar achar alguma coisa interessante naquele lugar, por mais difícil que isso seria. Corri meus olhos pelo estádio até que avistei um casal que estava um pouco diferente de todos os outros que ali estavam, foquei meus olhos ali para saber o que estava acontecendo. Ela parecia triste e completamente frustrada enquanto ele permanecia frigido diante algumas lágrimas dela. Vi em seus lábios algo, mas não consegui decifrar, e com isso, o garoto começou a demonstrar arrependimento em seus olhos. Colocava as mãos em sua cabeça e parecia cada vez mais confuso. Mas o inesperado aconteceu, a situação mudou e tornou-se em câmera lenta ou algo do tipo, os dois que já estavam em lágrimas se abraçaram e com as mãos dele envolvendo a cintura da garota fizeram uma junção completa e selando o fim da briga se beijaram. Percebi muitos gritos da torcida, acho que o Brasil tinha ganhado ou algo assim, mas meus olhos não conseguiam sair da cena do casal.
        E agora eu já sabia sobre o que escrever.

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