Sobre aquele primeiro beijo



  Ela passou a madrugada em prantos, rolando e rolando em seus lençóis brancos. Já havia se passado anos, mas ela ainda se lembrava, naquela mesma data e com todos aqueles detalhes, maldita mania de lembrar de tudo feito um gravador. E lá vai ela, fechando seus intensos olhos e em alguns segundos atravessando o tempo e parando diretamente naquele dia. Naquele dia cujo seus lábios sentiram e afirmaram que aquele era o garoto, e que aquele era o lugar, e que tudo era pra ser daquele jeito. Ele sorriu, e ela assentiu. Em sua mente, ela tentava memorizar cada segundo, achando que assim estaria fazendo um bem para sua alma e que poderia lembrar daquele momento pra sempre, enquanto descansaria sua cabeça naqueles braços e abraços quentinhos.
   Ele sempre foi aquele cara que as pessoas não gostavam muito, e isso sempre chamou atenção dela, aqueles defeitos irritantes levavam para ela o paraíso, aquele sorriso fazia um bem enorme em seu coração, e ainda faz. Ele beijou cada parte do braço dela, e ela, estava completamente satisfeita com tudo aquilo, e sentindo cada vez mais uma mistura de sentimentos. Uma pitada de borboletas no estômago, algumas colheres de sorrisos e horas pensando nele, um pouco de medo por estar começando algo completamente novo com um cara diferente e com também com receio de a qualquer momento perder-lo, era meio obvio que a partir dali ela já estava apaixonada. Entre sorrisos e acariciamentos de lá e de cá, os olhos dos dois se encontraram e causaram um contraste perfeito, e através disso, ela pode perceber que nada aconteceu por acaso. Nos pensamentos infinitos dela, e no nervosismo dele por estar com a garota de seus sonhos em alguns centímetros de seus lábios, eles se misturaram e formaram-se um só. E foi aí que tudo começou, todos os sonhos e pesadelos.
   Ela pegou a caixa de lembranças que guardava do lado de seus sapatos preferidos, sentou no chão, e desabou com todas aqueles flashbacks rodando em sua cabeça. Coitada daquela garota! Tão nova e já tão sofrida, mal sabia ela que ainda tinha um mundo todo para descobrir, mas por causa de algumas coisas ela não conseguia enxergar tudo isso, sempre existia algo que prendia os bons pensamentos. Talvez porque eles também estavam presos dentro de uma caixa, e talvez só uma pessoa tivesse essa chave.
  E lá vai ela, fechando seus olhos intensos, e mais uma vez, mergulhando em suas confusas emoções.

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